Já tenho a mota!

Fui ontem levantar a mota à mercocarga, porto onde estava guardada. Fiquei dois dias preso no sistema, com as burocracias, mas dado que é considerado o pior da Argentina, aquilo que não funciona mesmo se não por subornos, fiquei muito positivamente impressionado.
Todo o processo era constituído por 3 passos. Depois de a mota ficar ‘livre’ para ser levantada, o que levou 48 horas, tinha que ir pagar as taxas à transportadora cá. Não houve subornos, tenho factura. Lá deram-me uma folha com as instruções para todo o processo de importação temporária.

1º passo ir à E.M.B.A com uns papeis, não tinha que pagar nada. Na 6 feira lá fui; era o único que estava por minha conta ou seja sem ajuda de uns ‘agentes transitários’ que por lá andavam… cheirou-me logo a máfia. Deram-me uma senha manhosa, eram chamados verbalmente os números.

Entra um, outro, outro e eu a ver pessoas que tinham chegado depois, a entrarem primeiro, mas sempre com a companhia de um tal ‘agente transitário’. Em desespero de causa, vejo um gajo com aspecto de turista e meti conversa. Acontece que ele está a fazer o mesmo que eu, mas de avião ultra ligeiro, e que tinha mandado vir o avião do Chile e estava à 3 (três) semanas ‘preso’ na E.M.B.A. Desde ficar a dormir à porta, até longos dias sentado numas cadeiras horríveis que lá havia, já tinha passado por tudo.

Estávamos em plenos desabafos, até advogado ele já tinha falado, quando sou chamado… 20 minutos estava fora com tudo tratado… estranho.

2º Passo, segundo as instruções que tinha. Ir a um sítio longe como tudo, requisitar um agente para ir verificar a mota e a carga. Seguindo a morada das instruções, dei com um beco sem saída, não era lá, não sabiam onde era. Depois de 20 minutos nessa morada, à lá finanças em Portugal, lá encontrei alguém com a nova morada, a mais de 30 minutos de bus.
Resignado fui…

- Um agente para verificar uma mota ??? não precisa !
-Como não precisa, tenho aqui escrito – digo eu – mas é aqui o T.U.V. ?
-É, mas para isso não precisa!!
15 minutos disto e vi que não ia chegar a nenhum lado, pelo que passei pela empresa da logística.

Andrea olha para mim com cara de espantado:
- disseram que não precisava de um agente? Como não ?
-Sei lá, ah e a morada que me deram, está desactualizada…
- Vou falar com o meu chefe.
5 minutos depois, tinha que saltar o 2º passo e ir falar com o Jorge Leal, directamente onde a mota estava guardada, sem agente, sem nada.

Que mau presságio, não só onde a mota está é o mais longe possível, já em Grande Buenos Aires, como fica num bairro perigoso!
40 Minutos de táxi (nem ele sabia onde era) e lá estou. Chamo o Jorge Leal e…

Um gajo porreiríssimo, passou-me um ajudante, que esteve sempre comigo, arranjou-me ferramentas para desmontar a estrutura de aço onde a mota estava acomodada e ainda me ajudou a desarma-la (não foi fácil) passou tudo e todos por cima não abriram sequer as malas que supostamente um agente deveria verificar, só viram o nº do quadro. 2 horas depois estava com a mota fora. Paguei as taxas de Aduana, eram as que estavam tabeladas, tenho a factura original e descriminada. Afinal o sistema funcionou! Não tive que pagar nada a ninguém, inclusive ofereci € ao tipo que me ajudou com tudo, o qual não aceitou… E foi verdade, não há twists!

Único senão, a jante da frente empenou um pouco no transporte, mas tinha um contacto de cá de um amigo de um amigo, o Pablo, dono de uma oficina, ex-piloto de motocross, filho de um ex-piloto de 500 cc do mundial de pista!!! Um porreirão!
Amanha vou desempenar a jante…

Previsão de partida: 6 feira!

Destino: Em estudo!

Eu com o Pablo e com a mota: