quinta-feira, 30 de julho de 2009

Cai neve no Peru! De Cusco a Lima

9.00 Am. Mota carregada pequeno almoço tomado e arranquei de Cusco. Tinha um longo caminho pela frente, se queria dormir em Nazca. Há muito tempo atras, encontrei um casal ainda na Bolivia a viajar desde o norte dos estados unidos, que me disseram que fizeram 12 horas de conduçao; vamos ver!
A estrada é boa.

O caminho é para sudoeste. Uma horas depois chego ao rio apurimac, o mesmo que fiz em rafting. Muito calor e muitos mosquitos. Paro só para eternizar o momento:


Continuo sempre sem parar... Vejo umas cordilheiras ao fundo, mas nao percebo as implicaçoes...
Começo a subir, a subir... quando olho para o GPS estou a 4700 m, outra vez. A nivel de efeitos da altitude, nao sinto nada, mas o frio.... bem o frio... O fato é muito bom e suporta bem o frio, mas o elo mais fraco vem sempre espreitar.

Quando fui roubado em sucre - bolivia, fiquei sem luvas. Umas belas luvas muito boas para o frio.
Claro que neste canto do planeta arranjar umas boas luvas de mota nao é facil; conclusao, comprei ainda em sucre, umas de motocross, a unica coisa que arranjei... finas, muito boas para guiar mas com calor. Ora sem sol, com -3 graus e isto durante algumas horas, pode dar mau resultado. So me lembrava dos sem dedos, os alpinistas. Quando a dor se tornou insuportavel, e toda a sensibilidade foi perdida de tal modo que nao conseguia travar com a mao e nao embraiava para mudar as mudancas, tive que parar, bem no alto da cordilheira, e por as maos no corpo.

Nevava um pouco e havia gelo na estrada.
Os dedos estavam roxos e ja nao mexiam. Cheguei a temer pelas pontas... mas nada se passou a nao ser estas ter tirado estas fotografias, nao havia vivalma:








Tendo saido tarde, (o sol ca nasce muito cedo e poe-se cedo tambem) sabia que iria ter que fazer alguma conducao a noite, se queria dormir em Nazca. Apesar da parte dos dedos e do gelo na estrada estava animado e cheio de energia. Passei algumas terras, vendo a energia a desvanecer no meio dos dedos roxos e congelados; estava so com o pequeno almoco na barriga e ja era tarde.
Mas sei que sou rijo, principalmente de estomago vazio por isso segui. A estrada sempre boa, algumas partes com curvas adrenalinosas.
Segundo o meu mapa, havia uma terra, pentencial para dormir - Poquio. Ficava a meio caminho, entre nazca e cusco, 6 horas de conducao. Com o sol a ir, os dedos a irem tambem, começo a ver a vida a andar para tras, e nazca cada vez mais longe. Finalmente comeco a descer e a temperatura a subir. Chego a Poquio. Feio e mau é o que me ficou na memoria de Poquio... Foge... Já era noite, quando crusei Poquio e a estrada passa de um belo e liso alcatrao para outro todo partido. Em vez de buracos, tinha o contrario; bocados de alcatrao no meio de um gigante buraco, isto durante 50 km... as vezes nem a 20 Km/h podia ir... noite e o gps marca 1500 m, 2000, 2500... Olho para os dedos e imagino as pontas a fugirem, todas roxas - apanha-nos se conseguires - a contorcerem-se no chao quais minhocas...
Por outro lado, com a minha natural vaipês, sabia que ia chegar a nazca, nem que guiando com um par de coutos na ponta dos braços.
O Esforço valeu a pena e cheguei a nazca inteiro. Foram as tais 12 horas de conduçao, 3 das quais no escuro.
Fiquei no hotel mais caro de toda a viagem, nada de especial.
9 am e arranco, para ver as famosas linhas e seguir a Lima.
Deserto de Nazca:
Há duas maneiras de ver as linhas. Ou de aviao, 75 USD, meia hora sobrevoando-as e de longe a melhor maneira, ou num andaime manhoso, na estrada. Depois do roubo da noite passada, fui ao andaime.

Cá esta ele, o andaime... 1 sole para subir

Quando parei para subira ao andaime, num espaço que há em frente para estacionar, fui abordado por varias familias para tirar fotos, e bombardeado por inumeras perguntas. Sempre muito simpaticos e mais interessados em mim e na mota que nas linhas de nazca em si. Senti-me uma verdadeira atraccao turistica e estive tentado a cobrar... houve propostas de casamento!
Da torre, pode-se ver 2 figuras, a mao e a arvore. Esta é a mao, nao se ve logo?

Esta é a arvore, ou sera a mao e a de cima a arvore ? nao da para perceber, muito menos as teorias que as linhas sao feitas por aliens... vi muitas declaraçoes de amor e incriçoes feitas em montanhas (cusco tem muitas) iguais a estas linhas... feitas da mesma maneira... até anuncios a restaurantes... realmente nao percebo, mas devo ser so eu...
Como se pode ver, a verdadeira atraccao turistica esta a ficar careca.

Mais do mesmo

Depois de ver e ser visto, arranquei com Lima como destino... estarei la 1 ou 2 dias e arranco para norte... estou muito atrasado.
Mas como tem sido sempre na viagem, acontece sempre alguma coisa, geralmente boa, que me desvia do plano geral, porque nada é planeado com mais que dois dias de antecedencia.
Encontrei um argentino, que esta a viajar desde o alasca ha 4 anos, solo de mota... bem, meio solo, visto ter sido regalado a pouco tempo com uma cachorrinha... Tivemos bastante tempo a conversa, e deu-me trinta mil dicas e contactos, uma delas de efeito imediato de seu nome Paracas, reserva nacional de paracas. Fica antes de Lima e disse para passar la uma noite.

Ca esta ele:
Depois de lonnngaaaa conversa, arranquei. Parei para por gasolina e ... mais MOTAS...
Uns porreiroes de Ica, uma terra a norte de nazca... mais muita conversa, por isso é que estou a ter dificuldades em cumprir timmings... Preciso de mais tempo, muito mais!! (indirecta, directamente a f6)
Convidaram-me a uma cerveja, que troquei por gatorade. Que saudades de pisteras... uma hornet, uma cbr 600 f e uma... R1 com escape completo... estes meninos foram vistos a fazerem uma recta de 1 km toda em cavalinho... dito por uma fonte independente...

Chega de conversa e vamos la a paracas... lindo...






Olhó pacifico...

Apos um passeio pela terra e areia da reserva natural de paracas, começou a busca por um sitio para dormir. Primeiro tentei acampar nas praias da reserva natural, mas o vento e o frio lembraram os ainda sofridos rolinhos de carne das pontas dos bracos, que se negaram a montar a tenda. Depois fui ao pueblo pequeno, que tudo o que tinha, estava cheio. Segui para um hotel perto do pueblo, mas so tinha quartos triplos... mau... queres ver que vou ter mesmo que dormir ao frio e vento??? segui para pisco, 20 km norte, mas saí tao depressa como entrei... mais tarde soube que foi sensato, visto ser bastante perigoso. Acabei a pagar ainda mais, no tal quarto triplo.
Qual o Problema ??? Dia da naçao do Peru e feriados nacionais, nos dois dias seguintes... tudo cheio e a preços mais que inflacionados. Dormi mal, tive pesadelos com Soles (a moeda nacional).
No dia seguinte arranquei cedo, para Lima, estava mais ou menos a 250 km. Estrada boa, deserto de um lado e pacifico do outro. Uma paisagem diferente... for sure...

Pacifico na esquerda e deserto na direita

Cheguei facil e rapido a lima. Dei umas curvas erradas e senti-me no meio de uma favela... Lima tem 7 milhoes de habitantes e fora do centro é perigoso e mesmo no centro... (no hotel deram-me um mapa e marcaram os limites onde podia andar a pe em segurança... nao tenho muita margem e o hotel fica mesmo mesmo no centro).
Perguntei pela centro e parei na praça san martin para ver o mapa e um policia muito simpatico veio ajudar-me... conversa, de onde e para onde vou, quem sou qual o planeta de origem... as perguntas habituais feitas a astronautas... 5 minutos depois fazem-me uma rodinha...


15 minutos depois, era o heroi da zona, rodeado por mais de 50 pessoas, pediram para tirar o capacete, tudo muito simpatico, perguntas da praxe e grandes abraços de boas vindas... fotos comigo e nao faltaram propostas de casamento... pela segunda vez...

sexta-feira, 24 de julho de 2009

backpacking 3 dias - MachuPicchu

A mota tem que descansar de mim e eu de ela... que desculpa... nao, tambem sabe bem fazer backpacking...

3 feira de manha, o ponto de encontro era no meu hostal as 8:30. A Jen e a Fran apareceram a horas. Rumo, Pisac, uma vila pequena, no vale sagrado.

Mochila carregada, com saco de cama, tenda, comida, pouca roupa e terminal de bus. Pisac fica apenas a uma hora de cusco.

Chegamos a pisac e fomos a um posto turistico arrajar informacao. Lá, conhecemos o Xavier, um local... aqui comecou a aventura. Primeiro decidimos os 3 que iriamos fazer acampamento selvagem, o Xavier aconselhou-nos um lugar, bem no meio dum bosque, onde seria tranquilo ficar pela noite.

- Queres vir connosco ? perguntamos ao Xavier...

- Ok! estao a ver aquele caminho ? andam e chegarao a um bom sitio para ficar, ja la vou ter!

Andamos, andamos, andamos; num trilho fininho com uma queda de algumas centenas de metros num dos lados... a certa altura, o trilho era tao perigoso que tivemos que passar as mochilas e tendas uma a uma pois nao dava para passar com as coisas as costas... 2 horas depois, nem o sitio que o Xavier tinha dito, nem ele...

-Bem, so temos uma alternativa, descer de novo, mas nao pelo caminho que fizemos, se nao, vamos parar la a baixo... disse...

la encontramos uma alternativa e descemos por uma trilha bem mais acessivel. Vimos um descampado pequeno com relva e montamos o acampamento. Acendemos fogo e preparamos um cha quando...

- Andei a vossa procura por duas horas! Exclamou o Xavier

- Perdemo-nos e andamos por ali- apontou a Fran

- Querem morrer, nao? Xavier com a expressao mais assustada possivel

- ... - os tres

Desmontamos tudo, apagamos o fogo e fomos atras do Xavier para um spot melhor.

Uma hora a andar e ficamos num local com um riacho e um tanque artificial com agua, bem mais isolado que o primeiro sitio que tinhamos escolhido. Acampamento montado, fogo acendido e começamos a preparar uma cerimonia xama (o Xavier era aprendiz de Xama). Essa noite choveu (primeira vez em 3 meses) nao dormimos nada e fomos visitados por espiritos... uma noite que ficará na nossa memoria para sempre...


No dia seguinte a secarmos o material todo, depois de uma noite alucinante cheia de vento e chuva...


Tinhamos planeado seguir de pisac para aguas calientes, base para se partir a Machu Picchu, mas havia uma greve de tranportes e tivemos que voltar a Cusco.

7:00 P.M. do mesmo dia, terminal de autocarros em cusco, mochila as costas, Rodrigo e Fran arrancam para santa teresa, terra perto de aguas calientes...

7 horas depois de uma inesquecivel (pelo mau que foi) viagem de autocarro e chegamos a santa teresa, com mais um grupo de 3 argentinos, uma argentina, a Lu e um casal de Peruanos. Eram 2 da manha e nada passava em santa teresa. Apos decisao unanime, decidimos apanhar uma van para a famosa hidro electrica, onde se pode ir a pe, pela linha de comboio, ate aguas calientes... chegamos a famosa hidro electrica as 3 a.m. , todos de mochila as costas, cansados mas animados. Head torch na pinha e pes a caminho...

Andamos, andamos, andamos... bem e andamos mais, no meio da escuridao total e la chegamos a aguas calientes, isto as 6 am...

Eu a fran e a Lu decidimos ficar num hostel para dormir um pouco, pois estavamos quase ha 36 horas sem dormir (eu e a Fran nao tinhamos dormido nada, no acampamento, no dia anterior ) estavamos zombies...

1 pm acordamos e decidimos ir a Putucusi, um cerro menos conhecido, com vista para Machu Picchu. Começamos a subir as 4 pm...

Famoso caminho da hidro electrica a aguas calientes:


Inicio da subida para Putucusi, nem sabiamos o que nos esperava...

Escadas verticais interminaveis da subida a Putucusi... pelo caminho fomos encontrando pessoas a descer, entre os quais alguns locais, que nos avisaram para ter cuidado com as horas... cedo ficaria noite e tinhamos que descer tudo...



A Fran e a Lu a subir... nada, mas mesmo nada facil...

Muito tempo e varias escadas de madeira verticais depois, cheguei ao topo...

Vista de aguas calientes...

Vista de Machu Picchu, do topo de Putucusi, que fica bem mais alto...



topo de Putucusi


Fran, Lu e eu, no topo de Putucusi... a vantagem de termos comecado tarde de mais... estavamos SOLOS... inacreditavel..



A desvantagem de termos comecado tarde.... descemos tudo completamente as escuras... e so tinhamos um head torch... brutal



Algures a meio...


Chegamos a salvo a aguas calientes, onde jantamos e fomos cedo para a cama... o plano era levantar as 3 am do dia seguinte e subirmos a pe ate Machu Pichu... a Lu estava tao cansada, que se cortou, levantou-se mais tarde e foi a machu picchu de autocarro... fraca... heheheh !!!

3 Am, toca o despertador, preparamos tudo e arrancamos... demorei 40 minutos a chegar la a cima, a entrada... fui o decimo primeiro, eram 4 am.
Qual o stress de ir tao cedo? bem, ha outra montanha, ao lado de machu picchu, chamada huayna picchu, a qual apenas 400 turistas podem subir, por dia... e nos queriamos ver o nascer do sol do topo...
Gente e mais gente e mais gente e ainda mais... mais e mais... tudo amontuado a porta de Machu Picchu.. so abre as 6 a.m. mas a fila ja se perdia de vista. Como tinha sido o decimo primeiro a chegar.... tudo a empurrar, coteveladas, espremidelas... tudo a tentar passar a frente uns dos outros... uma vergonha...
La se abrem as portas e ... nao acredito... tudo a correr para ver quem chega primeiro a porta de huayna picchu... uma verdadeira vergonha, falta total de respeito..... Como nao corri, cheguei a huayna picchu muito depois que a minha posicao natural... mas ainda dentro dos primeiros 200...
2 horas a subir a huayna picchu comecando as 7 am. (ja com quatro horas de andar e esperar em cima do pelo)

encontrei um tuga (primeiro desde que sai de buenos aires) o Joao, muito porreiro, deu para desenferrujar o Portugues...
Joao com a namorada, eu e a Fran em huayna picchu, machu picchu esta no meio...

Algures em machu picchu
Machu picchu







Depois de huayna picchu e andar por Machu Picchu, estavamos realmente exaustos, fomos a aguas calientes, as termas e apanhamos o comboio directo a Cusco...
Chegamos a Cuscu pelas 9 pm, xixi cama.

Mais um sonho de crianca realizado... Obrigado vida!!!!!