sábado, 30 de maio de 2009
Eixo da frente da mota com defeito!
Telefonei para uns amigos que fiz agora na concentração, que são donos de um concessionário oficial BMW a dar o nº da campanha e do chassis da mota. Acontece que cá não têm esta campanha, provavelmente porque as motas que chegaram cá, não são das primeiras series como a minha, por isso, já não têm este defeito.
E agora?? estou de partida para o fim do mundo, com um eixo da roda da frente defeitoso que pode partir a qualquer momento. Se partir, a roda da frente sai... deve ser agradável!
Bem, algo se há-de conseguir, vou tentar ver se a BMW portugal me manda para qualquer cidade a meio caminho o eixo.... Dificil será prever onde vou estar com a semanda de antecedência necessária para dar tempo para chegar cá... Merda....
Só um desabafo
sexta-feira, 29 de maio de 2009
A soma de todos os medos!!!
Em vez de ir pela ruta que todos vão, o Marcus aconselhou ir por um desvio; tem muito menos transito, e é lindo. Para tucuman são mais ou menos 1000 Km’s, por isso decidi ficar a meio caminho, em Chilecito.
A estrada é mais uma vez a famosa Ruta 40, mas este troço é todo em asfalto, com apenas uma parte de 30 Km’s, dos 530, em Ripio.
Arranco, tranquilo, bem devagar, para poupar as cubiertas (peneus). A estrada é linda e muito boa, toda em alcatrão e em muito bom estado.
Logo no início, bom alcatrão e esta paisagem... espectacular
Volto para trás e vou em frente como mandara o GPS. Uns bons Km’s mais à frente e umas paisagens lindassss!!!
Visto segui o GPS já não vou apanhar os 30 KM’s de Ripio… Ficaram para trás, na sua solidão cinzenta…
Já a esfregar as mãos, e ao longe numa das intermináveis rectas, consigo ver que está a chover… Gaita…
Chego à chuva, mas é aquela molha tolos, não sou tolo, por isso, siga… Tucuman parece cada vez mais perto, vou chegar hoje, vou chegar hoje.
Penso em passar a placa e seguir em frente, pois lá estava o belo alcatrão a olhar para mim… depois imagino a estrada a acabar num buraco sem fim e … NÃOOOOOOOO, LAMA NÃOOOOO, NÃO QUERO MESMOOOO…
Sem alternativa, lá me meto na lama. Devagar, em pé nos patins da mota com 100000 olhos. Abençoados pneus, de taco, mesmo próprios para a lama. A mota nem chicoteia muito, vai tranquila…
A paisagem é linda, paro para tirar fotos. Continuo e entro numa clareira, cheia de escavadoras e camionetas das grandes, aquelas que fazem sulcos na LAMA, GIGANTES…. Paro, respiro fundo e arranco para lama funda e cheia de sulcos… Agora sim, chicoteia para todos os lados, mas já sei que o melhor é deixa-la ir, dentro de certos limites.
Consegui!!!!!!!!!!! Passei sem sequer ameaça de queda.
- Fuego ?
-Si! (acende o isqueiro do carro)
- Como está mas à frente?
- uhhhh terrible, difissilimo, teneis que ter mucho cuidado chico! Terrible!!
-Pior que esso? (apontando para uns sulcos grandes que estavam por perto)
-Ooo si, mucho pior!! (responde o senhor) Cuida-te e mucho cuidado, despede-se e arranca.
Fico feito parvo a olhar para o cigarro, para mota toda encarnada cheia de lama por todos os lados e o sulco que tinha servido de referencia… NÃOOOOOOOOOOOOO , NÃOOOOOOOO quero!!!!!!!!!!! QUE MERDAAAA!
(isto sempre com chuva na tola, ainda molha tolos, mas estava a ficar molhado, o que prova que …)
Acabo o cigarro e arranco… SUBIR SUBIR E MAIS SUBIR, olho para o termómetro da mota e marcava 2,5º C, brrrrr que frio.
A estrada está a ficar insuportavelmente fina, a subir bastante e cheia de lama… vou numa rectinha e…UM CÃOOOO!! NÃOOOOO!!!! DOS QUE CORREM AO LADO!! NÃOOOOOOOO!!!! NÃOOOO
O cão lá desiste, mas a chuva, a lama, o frio, a estrada fininha, não. Resignado, vou subindo até que…
Nevoeiro terrivel, com descidas inclinadas onde não se via nada:
Avanço, agora muito mais tranquilo, apesar dos dois graus e meio, da chuva molha tolos, do nevoeiro, da estrada fininha, da lama, da pouca luz e … UMA VACA NO MEIO DA ESTRADA!!! NÃOOOOOOO, UMA VACA?!?!?!?!?!!?? Como é possível?!?!? Ficamos os dois a olhar um para o outro, não sei quem com cara mais estúpida!! Tiro foto. Não é que tenha medo da vaca, mas … uma vaca, uma mota, uma estrada fininha, um precipício e lama, é uma combinação rara que tudo tem para que acabe em merda…
terça-feira, 26 de maio de 2009
BMW’s mais BMW’s…
Interior da bodega, fica a 16 m de profundidade para manter a temperatura o mais estável possivel. As paredes de cimento, são ocas e percorridas por agua, para arrefecer e tornar o ar mais Humido. As vinhas ficam entre os 1500 m e os 1700 m de altitude:
Fomos tambem à ponte del inca, e quase à fronteira do chile. Infelizmente não tenho muitas fotos, pois como estava em grupo, não podia parar para as tirar.
À tarde fomos a uma vila, que não me lembro do nome, mas foram 50 km de estrada de montanha, toda em ‘caracoles’ – curvas em cotovelo, a 3000 m de altura, com precipicio de um lado, para não variar, e ripio, terra, areia, calhaus, tudo do pior que se possa imaginar. Só ia caíndo pelo precipicio duas vezes. Tranquilo…
Mi casa es su casa em Lisboa!!
Amanha dia 26, parto de cá (mendonza, casa dos Astegiano’s, onde estou agora) para tucuman e depois para Salta (tudo a norte) Aí enfrentarei mais um dilema:
Ou chile, para São Pedro do Atacama, deserto até ao Peru, ou Bolivia, com as piores estradas que posso fazer cá na América do sul. Só vou à Bolivia se me encontrar com os meus amigos Autralianos, que tambem estao a fazer a america do sul de mota e que estão neste momento de partida para Salta.
domingo, 24 de maio de 2009
Preparação para a concentração de BMW's
Como disse antes, fui convidado para passar estes dias em casa dos Astegiano’s, toda a família tem motas BMW’s vão de férias de mota, adoram motas…
Em parceria com um stand da BMW, estão a organizar uma concentração de BMW’s de todo o país, para um fim-de-semana. Fui convidado a participar, o qual aceitei sem hesitação, é a vantagem de não se ter planos fechados.
5 feira de manhã, fomos os três (Eu a Agostina e o Romano) dar um passeio de mota por Mendonza. Todos os arredores estão cheios de Bodegas e vinhas. Aqui se produz 80 % do vinho argentino.
Fomos beber uma cerveja e apareceram dois amigos deles, O Pablo (outro Pablo) um hippy genuíno que tem 3 ou 4 BMW antigas de colecção, impecáveis e o Guilherme, que tem 2 Ford T (primeiro carro) e 2 Ford A. Foi no Ford A que apareceu:
Eu, a Agostina e o Romano:
Vista de Mendonza, de um monte com 1000 m:
Romano no Ford model A:
Motor, 40 cv, 3000 c.c.
Troquei a minha mota por esta, a partir de agora vou fazer a viagem nesta:
Fomos almoçar a casa dele, e demos uma volta no Ford. LINDO!
À tarde, fui a casa deles, que fica a duas quadras do hostel onde estava depois fui fazer as malas ao Hostel, carregar a mota para arrancarmos para a casa de campo, onde fui convidado a ficar.
Chegámos à casa de campo, fomos buscar o Ricardo, amigo de sempre do Romano, jantamos, conversamos um pouco, mas já não tocamos mais nas motas.
6ª feira às 8:30 fora da cama. Lavamos as motas, afinamos o que havia para afinar, medimos o que havia para medir, substituímos o que havia para substituir.
Ainda fui dar uma volta na BMW R 69 S antiga, com muito cuidado, brutal! (não trava nada)
A BMW R69 S:
Oficina toda equipada
O Romano a lavar a mota: (também ajudei!)
Hoje chega o grupo todo, temos jantarada cedo, e amanhã, arrancamos cedo também; 20 BMW! De manhã, temos visitas a várias caves de vinhos, um passeio pelo interior, tudo em asfalto. Da parte da tarde, temos uma estrada que segundo dizem é linda, toda em terra. Domingo, seguimos até à fronteira com o Chile, que fica acima dos 3500 m de altitude.
Logo vejo se sigo para Santiago ou se volto, pois ainda não sei se vou para o Chile ou para a Bolívia.
Não há palavras para a simpatia da família Astegiano, adoptaram-me como se fosse filho!
O Romano a dar um salto numa BMW de terra de 197 e qualquer coisa:
quarta-feira, 20 de maio de 2009
Mais um dia perfeito, mas muito difícil!
De manhã tomamos o pequeno-almoço e preparei-me para seguir os planos feitos com o Juan no dia anterior. Para não gastar os pneus, evitar camiões, alcatrão e estradas sem piada, planeamos ir por estradas secundárias, de ripio, pela famosa ruta 40, uma parte em ripio, terra e areia (só descobri que havia terra e muuuiiiita areia tarde de mais), um troço com perto de 120 km.
Meto-me a caminho…
Estou parado ainda na parte de alcatrão a tirar umas fotos e vejo outra mota no sentido contrário, mas daquelas que se vê logo que é estrangeiro a viajar há muito tempo.
Dan é dos usa, colorado, 46 anos e está a viajar a solo quase há um ano pela América do sul. É a primeira mota que tem. Isso é que é coragem… Provavelmente vamo-nos encontrar por aí.
Uns Km’s mais à frente, paro no desvio, para o tal troço da ruta 40. Andes com neve á esquerda, planície sem nada à direita. É agora ou nunca, não se vê, obviamente, o fim… respiro fundo, ponho-me em posição de ripio (em pé nos pedais) e arranco.
Vista inicial da Ruta 40
2 km’s depois, saio involuntariamente do trilho feito por outros carros, que tem o ripio menos profundo e é mais fácil anda, isto porque estava distraído com a paisagem, vou parar à berma, ripio profundo, a mota dança (frente) e pum chão!
Se volto para trás, fico com medo e mais vale ir para casa, se avanço, arrisco-me nesses 118 km’s de estrada que sei que ia ficar mais difícil, de cair, não passar ninguém (o mais provável) e ter que esperar horas ou mesmo ter que dormir na berma da estrada, à espera de ajuda para levantar a mota.
Pela frente, 118 km's
Decidi continuar, ao princípio com medo, mas à medida que os km’s passaram, soltei-me outra vez e dei por mim em 4ª a 100 Km/h apanhando vários tipos de ripio, a mota a chicotear furiosamente, mas a frente controlada.
A certa altura, ia a 100 e vejo uns 400 metros de areia tipo praia, já não tinha tempo para travar e parar, nem tempo para nada… entrei a 100 pela areia, com a pouca experiencia tirei acelerador, o pior erro, a frente afunda, começa a ir de um lado para o outro… vou cair de certeza. Instintivamente e por medo, cheguei o rabo para trás, mas ainda apoiado nos pedais, o que fez que o peso fosse para a roda traseira, desenterrando a frente e … magia.. acelerei e dei por mim a andar em cima da areia, com a roda de trás a chicotear, a frente também, mas tinha a mota controlada. Não caí, apanhei muitas mais partes de areia, terra e ripio fundo e nunca mais tive problemas!
O destino era Lá Consulta, uma terra pequena antes de Mendonza. Parei num restaurante para almoçar, mas estava vazio, apenas com uma mesa com 4 pessoas, já com os cafés servidos.
Vou a sentar-me numa mesa ao lado da janela para ver a mota e fui convidado para me juntar à mesa!
Um era o dono do restaurante, o outro tem uma propriedade de vinhas e produz vinhos, os outros dois amigos.
Ofereceram-me almoço, bebida e digestivo. Trocamos mails, todos apaixonados de motas! Incrível!
Chegado a Mendonza depois de mais 120 km’s entediantes de alcatrão, feitos a 60 Km/h por estar muito cansado, descubro um hostel com ajuda do lonely planet e do gps, descarrego tudo, tomo um duche (estava branco de pó) guardo a mota na garagem e vou dar uma volta.
Vejo uma mota igual à minha a duas quadras (quarteirões) do meu hostel, entro no bar onde a mota estava parada e pergunto quem é o dono. Descubro pelo capacete, uma mesa com um pai, um filho (o dono da mota) e uma filha.
Convidaram-me logo para me sentar na mesa, conversamos um pouco. São o Marcos (pai), o Romano e a Agostina. Todos têm BMW, uma 1200 Marcos, a agostina a 650 e o Romano a igual à minha. Conversa, mais conversa e já tenho programa até domingo.
Amanha de manha, vou passear de mota com o Romano pela zona. Depois vou estar com a Agostina, que é enóloga, que me vai levar às bodegas deles.
6ª feirar, vou à casa de campo deles, para manter a mota (lavar, olear, apertar parafusos… etc). Sábado e domingo à uma concentração de BMW de todo o país, cá em Mendonza, no domingo com direito a ir até à fronteira com o Chile, o que para mim é perfeito, pois sigo para Santiago.
O Marcos, conhece o pai do Pablo!
Sorte, não ?????