A estrada é boa.
O caminho é para sudoeste. Uma horas depois chego ao rio apurimac, o mesmo que fiz em rafting. Muito calor e muitos mosquitos. Paro só para eternizar o momento:
Continuo sempre sem parar... Vejo umas cordilheiras ao fundo, mas nao percebo as implicaçoes...
Começo a subir, a subir... quando olho para o GPS estou a 4700 m, outra vez. A nivel de efeitos da altitude, nao sinto nada, mas o frio.... bem o frio... O fato é muito bom e suporta bem o frio, mas o elo mais fraco vem sempre espreitar.
Quando fui roubado em sucre - bolivia, fiquei sem luvas. Umas belas luvas muito boas para o frio.
Claro que neste canto do planeta arranjar umas boas luvas de mota nao é facil; conclusao, comprei ainda em sucre, umas de motocross, a unica coisa que arranjei... finas, muito boas para guiar mas com calor. Ora sem sol, com -3 graus e isto durante algumas horas, pode dar mau resultado. So me lembrava dos sem dedos, os alpinistas. Quando a dor se tornou insuportavel, e toda a sensibilidade foi perdida de tal modo que nao conseguia travar com a mao e nao embraiava para mudar as mudancas, tive que parar, bem no alto da cordilheira, e por as maos no corpo.
Nevava um pouco e havia gelo na estrada.
Os dedos estavam roxos e ja nao mexiam. Cheguei a temer pelas pontas... mas nada se passou a nao ser estas ter tirado estas fotografias, nao havia vivalma:
Mas sei que sou rijo, principalmente de estomago vazio por isso segui. A estrada sempre boa, algumas partes com curvas adrenalinosas.
Segundo o meu mapa, havia uma terra, pentencial para dormir - Poquio. Ficava a meio caminho, entre nazca e cusco, 6 horas de conducao. Com o sol a ir, os dedos a irem tambem, começo a ver a vida a andar para tras, e nazca cada vez mais longe. Finalmente comeco a descer e a temperatura a subir. Chego a Poquio. Feio e mau é o que me ficou na memoria de Poquio... Foge... Já era noite, quando crusei Poquio e a estrada passa de um belo e liso alcatrao para outro todo partido. Em vez de buracos, tinha o contrario; bocados de alcatrao no meio de um gigante buraco, isto durante 50 km... as vezes nem a 20 Km/h podia ir... noite e o gps marca 1500 m, 2000, 2500... Olho para os dedos e imagino as pontas a fugirem, todas roxas - apanha-nos se conseguires - a contorcerem-se no chao quais minhocas...
Por outro lado, com a minha natural vaipês, sabia que ia chegar a nazca, nem que guiando com um par de coutos na ponta dos braços.
O Esforço valeu a pena e cheguei a nazca inteiro. Foram as tais 12 horas de conduçao, 3 das quais no escuro.
Fiquei no hotel mais caro de toda a viagem, nada de especial.
9 am e arranco, para ver as famosas linhas e seguir a Lima.
Deserto de Nazca:
Como se pode ver, a verdadeira atraccao turistica esta a ficar careca.
Mas como tem sido sempre na viagem, acontece sempre alguma coisa, geralmente boa, que me desvia do plano geral, porque nada é planeado com mais que dois dias de antecedencia.
Encontrei um argentino, que esta a viajar desde o alasca ha 4 anos, solo de mota... bem, meio solo, visto ter sido regalado a pouco tempo com uma cachorrinha... Tivemos bastante tempo a conversa, e deu-me trinta mil dicas e contactos, uma delas de efeito imediato de seu nome Paracas, reserva nacional de paracas. Fica antes de Lima e disse para passar la uma noite.
Ca esta ele:
Ca esta ele:
Uns porreiroes de Ica, uma terra a norte de nazca... mais muita conversa, por isso é que estou a ter dificuldades em cumprir timmings... Preciso de mais tempo, muito mais!! (indirecta, directamente a f6)
Qual o Problema ??? Dia da naçao do Peru e feriados nacionais, nos dois dias seguintes... tudo cheio e a preços mais que inflacionados. Dormi mal, tive pesadelos com Soles (a moeda nacional).
No dia seguinte arranquei cedo, para Lima, estava mais ou menos a 250 km. Estrada boa, deserto de um lado e pacifico do outro. Uma paisagem diferente... for sure...
Pacifico na esquerda e deserto na direita
Pacifico na esquerda e deserto na direita
Perguntei pela centro e parei na praça san martin para ver o mapa e um policia muito simpatico veio ajudar-me... conversa, de onde e para onde vou, quem sou qual o planeta de origem... as perguntas habituais feitas a astronautas... 5 minutos depois fazem-me uma rodinha...